Queria, ou melhor, quero, deixar para vocês um poema de ano novo. Sim, ainda estou no clima das reflexões de fim de ano. Vislumbrando o novo ano que se aproxima.

Vocês fazem resoluções de ano novo? Eu fiz, ano passado, uma listinha sobre a mãe que quero ser, ou melhor, queria ser, em 2016. Fiz uma revisão desses itens e posso dizer que estou satisfeita com o resultado. Não consegui cumprir todos os itens, mas o saldo foi positivo, sem dúvida.

Bom, para hoje, pensei, claro, em escrever uma poesia. Mas lembrei que já fiz isso ano passado – lembram da poesia de ano novo de 2016? Dessa vez, queria algo um pouco diferente. Tenho essa insistente mania de querer sempre coisas novas e diferentes.

Porque esse é mesmo o clima de revillón, não é? A ideia é mesmo tentar coisas diferentes, experimentar coisas novas, se permitir novas experiências. Porque quando fazemos sempre tudo igual, o resultado continua sendo o mesmo. Se quisermos um resultado diferente, novo, precisamos ousar novos caminhos.

Foi navegando pela internet que me deparei com um poema de ano novo do inspirador Carlos Drummond de Andrade. Drummond é um dos meus musos poetas, os escritores que me emocionam e me inspiram.

Não, ele não ganha de Vinicius de Moraes no meu coração. Vinicius tem lugar cativo e é meu poeta rei. Mas Drummond também tem a capacidade de me encantar. E nesse poema em questão, o poeta da sua receita para se ter um belíssimo ano novo.

Nas palavras do autor, para se ter um ano digno do adjetivo “novo” não precisamos nos preocupar tanto com tradições ou arrependimentos do ano anterior. Mas ser pró-ativos, agir, construir um bom ano.

Impossível resistir aos conselhos do mestre nesse poema de ano novo.

É uma linda reflexão a se fazer. Continuamente, para ser bem sincera. Algo para se ter em mente sempre, mas especialmente nesse momento de renovação que o fim de um ano e o começo de outro nos proporciona. Percebi que seria perfeito compartilhar por aqui:

 

Receita de Ano Novo

Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)

Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumidas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.

Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.

Carlos Drummond de Andrade
“Receita de Ano Novo”
Editora Record. 2008.

 

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E tem uma pasta recheada de poesias maternas lá no Pinterest Só Melhora. Vale a pena dar uma olhada:

 

 

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poema de ano novo pinterest