Sempre fico feliz quando encontro outras mães (e pais!) que transformam em versos as emoções da maternidade. Uma dessas mães poetisas, que virou uma grande amiga, é Elaine Alberico.
A Elaine é arquiteta, designer de interiores e mãe do Daniel — que tinha cerca de um ano e meio quando ela escreveu a poesia “E você tem culpa de quê?”. Sim, um poema que fala sobre culpa materna.

A culpa materna é um sentimento que quase todas nós conhecemos bem. Está presente nas pequenas escolhas do dia a dia e, muitas vezes, nos acompanha em silêncio.
Por isso, quando li os versos da Elaine, senti que eles precisavam ecoar por aqui. Ela me autorizou a publicar essa poesia no Só Melhora, esse espaço onde a maternidade real e a sensibilidade poética sempre se encontram.

Aliás, se você também escreve poesia sobre ser mãe (ou pai!), as portas do blog continuam abertas — adoro compartilhar outras vozes que falam com o coração.

Uma poesia sobre a culpa materna

A poesia abaixo fala de uma velha conhecida nossa: a culpa materna.
Lembram que já compartilhei por aqui um exemplo bem real de culpa em cabeça de mãe?

Pois bem — vale a leitura e a reflexão com as palavras da Elaine:

E você tem culpa de quê?

A culpa bendita culpa!
E a culpa também nos persegue na arte de maternar!
Culpa de trabalhar fora ou de não trabalhar,
De ser do lar ou de não dar conta de cuidar,
Se o filho está junto, a culpa de não ter cortado o laço,
separada, culpa de não estar ao lado,
Culpa porque não cuidou ou porque mimou demais…

A culpa, maldita culpa!
Culpa de amar demais ou cuidar de menos,
Culpa de ser mãe solteira, de ser mãe divorciada, descasada, amasiada, fora da caixa, amigada, mal-amada, despirocada, mal-humorada…
Culpa porque não teve filhos, culpa porque só teve um filho ou porque teve um monte de filhos,
Cama compartilhada, desarrumada, culpa da cama solitária…

Culpa de sentir culpa,
Meu Deus ajuda a nossa cuca…
Quando estaremos seguras na criação dos nossos filhos?
Tem a escolha dos brinquedos,
Da escola perfeita…
Da comida, do leite correto, materno, genérico,
A escolha da pediatra
Do sapato que não aperta
A escolha da roupa de frio, da roupa de calor certa,
Da fralda que não dá alergia, da diversão que dê mais alegria
Culpa porque ficou com a vovó, com a tia, ficou na escola, ficou só…
Abrir mão dos próprios vícios…haja cabeça para tudo isto…

Existirá um só dia em que a culpa apoiada na dúvida, dará lugar a certeza que estamos andando no caminho certo com o que temos de melhor a oferecer aos nossos filhos?
Creio nisto, e neste dia sem a bendita culpa, não teremos mais desculpa para deixar de nos cobrar!
E mais nos amar…
E então, vamos nos permitir errar…
E você, tem culpa de quê?

 

Elaine Alberico
publicada em 16/09/2016

 

imagem do muso da culpa da Elaine Alberico

Reflexão final – culpa de mãe

A poesia da Elaine fala de um tema que todas nós conhecemos bem: a culpa materna.
Essa sensação constante de não ser o bastante, de falhar em algo — mesmo quando damos tudo de nós.
A culpa materna aparece em muitos momentos, mas também nos ensina a olhar com mais gentileza para nós mesmas.
Afinal, ser mãe é um aprendizado constante — feito de acertos, erros, amor e, sobretudo, perdão.

Talvez o convite que essa poesia traz seja esse:
substituir a culpa por mais amor, leveza e autocompaixão.

Porque, no fim, com organização — e um pouquinho de poesia — a vida só melhora.

Procurando mais poesia de mãe ou culpa materna?

Se você gostou dessa poesia, vale explorar outras que também falam sobre a dor e a delícia da vida materna.

Poesia sobre gratidão por um dia tranquilo
Poesia para aquele dia em que a paciência acaba
Poesia porque a vida Só Melhora

Atualizado em 5 de novembro de 2025